Moçambique é país com um mosaico cultural de se invejar. Possui inúmeras expressões culturais. A dança é um dos pratos fortes do povo moçambicano. No período colonial, os oprimidos expressavam a sua dor com a dança. É o caso de Niketxe – uma dança tradicional que é praticada na zona norte da Província Zambézia, e era executada para exprimir sentimentos de sofrimento em relação ao trabalho forçado nas plantações de chá.
A origem da dança diverge opiniões, contudo, tudo indica que surgiu em Nampula, no século XX e desaguou na Zambézia, no distrito de Gilé. Actualmente é praticada para além de Gilé, nos distritos de Gurúè, Ille e Lugela.
Como já escrevemos acima, a dança era praticada para reivindicar os trabalhos forçados nas plantações. Com o tempo foi “emprestada” para momentos de dor, no entanto, nos nossos dias, a mesma é interpretada em momentos festivos.
A orquestra é constituída por tambores como nlapa, npetxene, mukunhary e uma panela de barro, pele de nahe (gazela) e ngotxo (chocalhos) feitos de latas.
Só exímios dançarinos interpretam esta dança. Ela exige malabarismo corporal, pois o dançarino desempenha vários papéis ao dançar. Toca tambor e controla a variação do som e usa chocalhos estridentes como indumentária, juntamente com peles de animais e empunhar a cauda de antílope ou animal semelhante.
Enfim, Niketxe é uma dança que contrasta com a maioria das danças tradicionais moçambicanas, que, de modo geral, celebram a alegria, a vida e o amor. Niketxe é uma dança parida no auge da indignação pela opressão do colonialismo.