Nas sociedades tradicionais em Moçambique, cada fenómeno humano representa um facto importante para a população, é neste âmbito que o nascimento nos macuas é acompanhado em ritos específicos.
O nascimento de uma criança é um dos acontecimentos mais importante da sociedade macua. A criança é desejada e esperada pelos pais, responsáveis e membros da família, pelos habitantes e finalmente por todos os membros da sociedade, porque todos amam a vida e desejam que esta continue. Cada vez que nasce uma criança este ideal realiza-se concretamente. Um outro filho significa, para a família e a sociedade, esperança concreta de que a vida não acaba, é sinal de que os antepassados continuam a ser intermediários entre a fonte da vida e a sociedade. Por isso o nascimento de uma criança é motivo de festa para toda comunidade, dia de alegria para todos.
Quando nasce uma criança todos sentem bem o valor supremo do povo, a vida, se torna mais forte, renova-se e desenvolve-se visualmente a caminho da plenitude. Desta forma as raízes do povo, brotam com nova energia, tornam-se mais profundas(MARTINEZ 1989:91)
Na sociedade macua existe uma grande estima pela maternidade. A expiração maior de uma mulher é passar pela aldeia com o seu filho as costas sinal inequívoco de que é mãe. Dará luz, para a mulher macua, significa, riqueza, liberdade da miséria segurança perante a incerteza da vida, elo da união visual entre o passado e o futuro, sinal evidente de que a ligação com os antepassados, protectores e medianeiros da vida, não se quebrou.. Deste modo, a mulher será sempre respeitada na família e na aldeia e será tratada por todos com o nome respeitoso de ” mãe” (Ibidem. P.91)
Um outro pormenor é o mal causado pela esterilidade. A esterilidade é algo sempre considerado, na sociedade macua, como uma desgraça, um castigo, ou maldição, consequência directa da transgressão de alguma lei, de um mau comportamento de acção, de alguém que nos deseja mal. O povo despreza o homem e a mulher estéreis porque “suspendem a vida” estéreis opõem-se, à transmissão da vida. Com homens e mulheres assim quebra-se a ligação que nos une aos medianeiros da vida, interrompendo-se a corrente vital. Por isso o povo macua mantém uma atitude de desprezo para com os estéreis e os que não casam.
Quando um casal tem filhos, os dois, tanto o homem como a mulher, procuram, por todos os meios resolver o problema. Diz que primeiro lugar, recorrem aos responsáveis das respectivas famílias, pedindo conselho e ajuda, os quais, por sua vez, consultam e investigam, procurando deste modo decifrar a incógnita e encontrar a causa da esterilidade com o culpado, se for necessário.
O investigador depois de conhecer bem a situação, procurar as provas e ter descoberto qual dos cônjuges é estéril, estabelecer a cura especifica. Para além dos remédios específicos, próprios para o caso, que especialista receita, a família e o casal em questão recorrem a protecção dos antepassados, oferecendo o sacrifício tradicional. Quando é necessário, recorre-se ajuda sexual de outro homem ou mulher, conforme o caso, com quem o cônjuge fecundo terá relações sexuais. O filho que nasce desta união será aceite pelos esposos e pela sociedade como verdadeiro filho do matrimónio e nunca será tratado como filho adulterino. No caso destas provas e recursos rituais não darem resultado, procede-se a separação do casal por meio do divórcio. A seguir falaremos da gravidez e seus rituais na cultura macua