Crianças de somente 11 anos estão a ser decapitadas pelos radicais islâmicos que ocupam parte da província de Cabo Delgado.
A denúncia é feita pela ONG Save the Children, que falou com sobreviventes dos massacres naquela província do norte de Moçambique, que desde 2017 já custaram a vida a cerca 2700 pessoas e forçaram quase 700 mil a fugirem de casa.
“A nossa aldeia foi atacada e as casas foram queimadas”, contou uma mulher de 28 anos, identificada como Elsa: “Tentámos escapar para a floresta, mas eles apanharam o meu filho mais velho [de 12 anos] e decapitaram-no. Não pudemos fazer nada ou também nos matavam”. Outra mulher, Amélia, de 29 anos, viu também o filho de 11 anos ser assassinado pelos radicais.
“Depois disso percebemos que não estávamos seguros na aldeia”, diz Amélia, que escapou com os outros três filhos para casa do pai: “Mas dias depois os ataques chegaram ali. Sobrevivemos cinco dias a comer bananas verdes”. Agora, está com o irmão e, por enquanto, em segurança.
Os massacres em Cabo Delgado são responsabilidade de um grupo terrorista conhecido pelos aldeãos como al-Shabab e que, segundo os EUA, jurou fidelidade ao Daesh em 2018.
As decapitações são habituais desde que, em 2020, o grupo combate o exército moçambicano para ocupar pontos estratégicos. Um dos massacres mais sangrentos aconteceu em abril em Xitaxi, aldeia onde 52 pessoas foram assassinadas.
Fonte: CM