Face a triste realidade de insurgência que se vive em Cabo Delgado desde 2017, norte de Moçambique, o Director das Operações do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Dominik Stillhart, alertou na semana passada para o aumento da cólera, diarreia e outras doenças transmitidas por água contaminada por conta dos estragos causados pela guerra.
A guerra que já vitimou mortalmente pouco mais de três mil pessoas e causado cerca de 800 mil deslocações para zonas tidas como seguras está por detrás de uma situação que as famílias vinham, minimamente, vivendo em suas zonas de origem, e com a eclosão dos conflitos as pessoas deslocadas sentem-se forçadas a percorrerem vários quilómetros em busca de água e que muita das vezes não é boa e cartam porque em seus “lares” vivem com maior necessidade do líquido precioso.
Em termos estatísticos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que o número de casos de cólera em Cabo Delgado era de 3,400 até ao princípio de Agosto deste ano face a 2,200 casos em Agosto de 2020, ou seja, houve auimento de 54 por cento. Face a realidade levantada pelo Director das Operações do Comité Internacional da Cruz Vermelha em comparação com a realidade dos deslocados, pode-se concluir que as pessoas deslocadas, de facto, carecem de cuidados de saúde necessários mais próximos dos acampamentos ao invés de eles percorrerem cerca de 10 quilómetros que, por exemplo, deslocados de aldeia de Quilite, em Impire, percorrem para chegar ao posto de saúde de Nanlia.